quarta-feira, 13 de maio de 2009

Sócrates sobre Freeport: "Governo não fez, não faz, nem nunca fará nenhuma pressão" (Público,13.05.09)

Ora, acreditemos no sr.! Ou então, como eu, nas panelas. Passo a explicar:

Habituados a vomitados de eloquência estamos nós. Uns, engolindo-os pela televisão, fazendo "zapping" gota por gota, telejornal aqui, debate acolá; outros, muito poucos, de olhos abertos e mola no nariz, tanta é a porcaria que se ouve em tais lugares, mas mandando-os de volta. E esses, usualmente, levam com o ricochete das suas palavras, quando estas embatem naquelas outras, traiçoeiras, e chapinham salpicos grosseiros.
Todavia, não vamos acusar "ninguém" sem provas, mesmo que "ninguém" tenha um nariz enorme em períodos pré-eleitorais. Deixem ver, talvez as pressões sejam imaginação e o cheiro a grande peta venha da minha casa de banho: pode ser que os vomitados provem a sua não-existência e as galinhas tenham dentes; existindo bruxas (que as há, isso há...), talvez (sabe-se lá!) o Pinóquio não seja mentiroso.

Francamente! O Governo, tal como o país, é uma panela. De pressões.

terça-feira, 5 de maio de 2009

A lei do mais forte

Longe vão os tempos em que as comunidades o eram na acepção mais digna desse seu nome. Longe vão eles, desde que o individualismo se auto-criou nas mentes dos Homens e, como feto de cogitações, alimentando-se do egoísmo que nos impregna inatamente, rasgou os tecidos de solidariedade e se evadiu em pretensões. E, se os fins cresceram em robustezes loucas, os meios padeciam de morte, vítimas da sua fragilidade. Havendo gente, os ácidos do interesse que nos corre e corrói existirão, por dentro e por fora, nos Homens e entre eles.

Enquanto formos, porque ainda temos muito que ser, os tempos não mudarão. Assim, nos de hoje, idênticos aos de ontem, exemplares desta espécie sábia em matar-se a si mesma com requintadas ladroagens não faltam. E eis que, no seio da crise financeira que “nos assola” (como se de uma tempestade natural se tratasse), surgem suspeitas de enriquecimento ilícito…apenas suspeitas. Daí que muito se tenha discutido ultimamente sobre se a criminalização daquele deve avançar, e se o sigilo pode ou não sair das catacumbas bancárias. Quanto a este, há que garantir confidencialidades, concordo. Mas então, e os barões clandestinos (ou indícios de), não devem ser investigados com minúcias de “Poirot”??? O mesmo princípio espeto, com saboroso prazer, naqueles cujos dividendos excedem os limites da razoabilidade: se é lógico que o ónus da prova fica de pantanas, passando a batata quente para o acusado, certo também é que a verdade deve ser a espinha dorsal de todas as investigações. Quem não deve, não teme: “se nadas em moedas de ouro, explica as correntes da fartura”. Isto pode não bastar, mas só o aguçar constante da seta da verdade é que a tornará eficaz.

Ponham, por isso, certas larilices de lei à parte e arredondem-na. Encontrem os parasitas, e afiem as escovas-de-estado. É “simplex”.


“O governo civil, na medida em que é instituído para garantir a propriedade, é-o, de facto, para a defesa dos ricos contra os pobres, ou daqueles que têm alguma propriedade contra os que não possuem propriedade alguma.” (Adam Smith)

terça-feira, 28 de abril de 2009

Acordo Ortográfico

Para começar, desenjoemos aqui a coisa: desta feita, a frase não será de ninguém em concreto. Senso comum em bruto, para variar. Ei-la então: “Portugal não pode recuar num acordo que está já assinado”. E esta é, honestamente, a única forma de defesa que vejo para este “tretado”, muito embora ela cague fluentemente a estupidez redundante de alguns senhores que lá por cima passeiam. Mais uma vez, o nosso Portugalinho borra-se com a sua mestria numa banheira tão suja e pequena quanto ele/nós..
Porém, também há argumentos sólidos, verdade não nos falte. Facilitamos a comunicação, aproximamos a fala e a escrita, “etc. etc. etc.”! Mas, mil vezes caca, para quê? Porque se trata da evolução normal da língua? Porque os brasileiros, cá e lá, brotam como cogumelos e nós, enquanto fungo de pretensões, não passamos de uma mancha comichosa na base do próprio pé?
Enfim, nem tudo é mau, e azares político-económicos jamais voltarão. A mim, importa-me que terríveis maçadas, como equívocos linguísticos em cimeiras e em acordos entre deuses-cifrão não mais aconteçam. Tarrenego! Vendam-nos a língua, pois, o que nos resta de limpo. Também, já não temos muito, bem vistas as coisas…
E assim, quando tudo corre mal, consumimo-nos na bosta que nos atola cada vez mais fundo. - É, o poder da imaginação humana tem destas coisas. E nela vamos chafurdando ideias.

sábado, 11 de abril de 2009

"No Governo está tudo em estado de estupor. Estudar (...) e resolver problemas, não se usa nem se pratica" (J.Pacheco Pereira, Público, 11.04.09)

Antes de mais, gostava apenas de sublinhar um aspecto: a escolha desta frase não tem qualquer tipo de conotação política. Não sou laranja, nem rosa, nem porra nenhuma de fruto ou flor, podres ou floridos que estejam.
Na verdade, esta citação está aqui pela sua acutilância bruta. Ponto assente. Portanto, o título faz o texto por si mesmo: é a aranha gorda e, simultaneamente, a teia que lhe está tão complexa e visivelmente implícita. O “estado de estupor” adequa-se, numa estupidez harmoniosa e quieta, ao poder do "Magalhães". Faz, sobretudo, lembrar moscas e varejeiras em escritórios, em salões largos e ocos, pousando em portáteis de ponta e sofás de sumpto, zumbidos retóricos que sugam paciências. Todas em habitats naturais, como o inovador parque de diversões (Parlamento, perdão!), custeado por parcos 4M de euritos. Pena que por lá não haja, ou que sejam raros e enfezados, aranhiços que dêem conta desse “moscardo” (assim chamavam a Sócrates na Grécia Antiga).

Conclui-se: estudar e resolver, naaa, p'ra quê(?!)…não se usa. “zzzzzzzzzzz"

sexta-feira, 10 de abril de 2009

"Estudante grego que disparou sobre três pessoas suicidou-se" (Público, 10.04.09)

As horas passam certas pelos ponteiros com o mesmo alvoroço maquinal de um comboio encarrilado nas suas coordenadas. E mais uma notícia desconcertante, porém, alinhada nos andares costumeiros da locomotiva, varre os canais do mundo global com o hábito da vassoura doméstica: outro jovem, estudante, dispara sobre três: colegas, professores, alguém que passa, na Grécia, em qualquer lado, pouco importa. Vidas que foram, que não voltam. E suicida-se pouco depois.

Numa sociedade instigada por violência, num mundo que a indústria subjuga com agressivo comando, quase totalitário, e ataca com “bonequices” diabólicas e presentes envenenados, será este mais um caso, normal e igual a tantos demais? Estaremos doentes? Seremos “made in” qualquer coisa? Estar-nos-emos a (des)educar com a facilidade com que se formata um computador, no qual matar é “igual a x menos um”, onde a vida tem “resto de 0”?

É urgente, mais do que isso (!), pôr termo ao thera-cérebro que nos gere por impulsos electrónicos.

Abrandem as horas, afrouxem o comboio.

Apaguem a pessoa-número da calculadora. E fechem-na.

Agora olhem, vejam o mundo. Desmatematizem-no.

terça-feira, 7 de abril de 2009

"Barack Obama reveals vision for world without nuclear weapons" (Times, 06.04.09)

Pois bem, aí está ele. O "salvador", assim é para muitos, faz jus às múltiplas nomeações que colecciona (e bem) no mundo da heroificação.
E se muitos invocam quase biblicamente este "Cristo negro", seguindo as suas caminhadas no mundo do discurso com a lágrima no canto do olho, mais certo é que essa alcunha é completamente seca de conotações racistas. Veja-se a orientação de Obama, para já de lançada justeza, num intento sério de aproximação do mundo entre si mesmo. É por demais evidente o esforço de junção das peças do globo-puzzle que (só!) desde sempre têm andado bem perdidinhas. Mas se não é mentira que “mr. President” tenta pôr termo a este tabuleiro de jogo e tenciona acabar com as equipas, gozando o apito de árbitro que o seu país lhe elegeu, verídico é também o que consta na história mundial recente: falamos de uma super-potência que dita a paz mundo fora e impõe o fim das cogitadas e “nucleares” guerras, sem que, ironicamente, a vida do seu arsenal bélico seja posta em causa. No fundo, como num letreiro, curto e explícito: “em favor da paz, pedimos-lhe o favor de largar as armas, caso contrário arriscam-se a que vos rebentemos os miolos...Obrigado.”.
Ora, entre a (pre)visão de anjo da paz, qual “satyagraha” de Gandhi, e a outra do conto do vigário, prefiro acreditar, não fosse um optimista por natureza, que Mr. Obama tenta lavar (leia-se disfarçar) a porca cara dos EUA e do Mundo.

Que Ele desça dos céus e a Terra se lave. Mas que a chuva não descubra novos-tolos, assim espero.