sexta-feira, 10 de abril de 2009

"Estudante grego que disparou sobre três pessoas suicidou-se" (Público, 10.04.09)

As horas passam certas pelos ponteiros com o mesmo alvoroço maquinal de um comboio encarrilado nas suas coordenadas. E mais uma notícia desconcertante, porém, alinhada nos andares costumeiros da locomotiva, varre os canais do mundo global com o hábito da vassoura doméstica: outro jovem, estudante, dispara sobre três: colegas, professores, alguém que passa, na Grécia, em qualquer lado, pouco importa. Vidas que foram, que não voltam. E suicida-se pouco depois.

Numa sociedade instigada por violência, num mundo que a indústria subjuga com agressivo comando, quase totalitário, e ataca com “bonequices” diabólicas e presentes envenenados, será este mais um caso, normal e igual a tantos demais? Estaremos doentes? Seremos “made in” qualquer coisa? Estar-nos-emos a (des)educar com a facilidade com que se formata um computador, no qual matar é “igual a x menos um”, onde a vida tem “resto de 0”?

É urgente, mais do que isso (!), pôr termo ao thera-cérebro que nos gere por impulsos electrónicos.

Abrandem as horas, afrouxem o comboio.

Apaguem a pessoa-número da calculadora. E fechem-na.

Agora olhem, vejam o mundo. Desmatematizem-no.

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